terça-feira, 12 de março de 2013

Ação em favor de colunista é cancelada por organizadores

O jantar beneficente que seria realizado em maio por amigos do colunista social José Jacinto de Siqueira, o “Jejé de Oyá”, foi cancelado.
 
O evento tinha por objetivo angariar recursos para garantir a moradia do colunista por um ano no Residencial Geriátrico Casannova, uma casa de repouso privada em Cuiabá.

No local, ele receberia tratamento médico adequado para recuperação de dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) sofridos há pouco tempo.

Segundo a cineasta Bárbara Fontes, uma das amigas de Jejé que participavam da organização do evento, uma pessoa que se ofereceu para ajudar no evento estava agindo de má-fé, buscando angariar fundos para si próprio e não apenas para a ação de solidariedade. 

Fontes pediu sigilo quanto ao nome da pessoa envolvida, porém, para garantir o bom andamento dos procedimentos judiciais.

A decisão de suspender o jantar foi tomada em uma reunião realizada no dia 15 de fevereiro, entre os membros da organização. A pessoa em questão, porém, teria continuado a buscar apoio financeiro em nome do evento.

“Essa pessoa, apesar de ter concordado [com o cancelamento], continuou dando prosseguimento ao evento, como se nada tivesse sido conversado. Isso provou ainda mais o mau-caráter, obrigando-nos a procurar um advogado e cancelar o evento”, afirmou.

Fontes afirmou que, enquanto a ideia dos organizadores era juntar R$ 35 mil – que custeariam as despesas de Jejé, durante um ano, na casa de repouso, bem como seu tratamento médico –, um deles queria conseguir mais dinheiro para “recompensar os esforços” individuais de cada um na equipe – totalizando R$ 50 mil.

Ela ressaltou ainda que, em momento algum, a equipe saiu recolhendo dinheiro de quem se dispunha a ajudar o colunista de alguma forma ou assinaram ofícios solicitando dinheiro a empresários ou parlamentares.

A ideia era, segundo ela, abrir uma conta no nome do colunista para arrecadar o dinheiro e contar com os serviços de um auditor para verificar toda a parte financeira do evento. No final do jantar, eles revelariam a todos o total do valor angariado.

“Jejé ficou arrasado com toda essa situação. A pessoa nos enganou a todo o momento. Mas já estamos tomando as medidas cabíveis”, disse.

A cineasta afirmou que não foram fechadas vendas de mesas ou contrato com artistas e prestadores de serviço e que, caso alguém tenha dado dinheiro pensando que estava ajudando o colunista, é necessário comunicar os amigos de Jejé imediatamente.

“Isso é caso de polícia”, afirmou.

Auxílio a Jejé
Apesar dos problemas encontrados na realização da ação entre amigos, Fontes disse que a exposição na mídia atingiu seu objetivo, que era auxiliar o colunista.

Um empresário se ofereceu para pagar o primeiro mês de internação de Jejé na casa de repouso. O colunista se encontra no residencial, localizado no bairro Boa Esperança, desde o último sábado (9).

“Ele agora está bem melhor e está feliz. Os médicos mesmos se mostraram contentes e satisfeitos com a recuperação dele”, contou Fontes.

Ela explicou que Jejé se encontra em um apartamento triplo e que recebe todo o atendimento médico e fisioterapia que necessita, tendo cuidados 24 horas por dia. . A mensalidade cobrada por essa vaga é de R$ 2,7 mil.

“Já a mensalidade do apartamento individual é de R$ 6 mil”, disse.

Segundo a cineasta, os médicos acreditam que Jejé precisa ficar internado por pelo menos quatro meses. Agora, eles buscam conseguir recursos, por meio de doações, para pagar o segundo mês de internação do colunista.

“Mas não estamos aceitando recolher dinheiro de ninguém. Quando conseguirmos voluntários com o valor suficiente, vamos com essas pessoas lá na casa de repouso e ela pagam a mensalidade diretamente lá, pegando o recibo com a administração do lugar”, explicou.

Quem puder ajudar no pagamento da mensalidade de Jejé ou de alguma outra forma, pode ligar diretamente para a cineasta, no telefone (65) 9996-4883.

Trajetória


Jejé de Oyá foi um dos primeiros colunistas sociais a retratar a sociedade cuiabana.

Ele nasceu no município de Rosário Oeste (130 km de Cuiabá) e, aos quatro anos, chegou à Capital, adotado por uma tradicional família cuiabana. Sua mãe sofria de problemas mentais e não podia cuidar dele da maneira adequada.

Posteriormente, ele se formou em alfaiataria pelo Instituto Salesiano São Gonçalo, onde fez sucesso costurando roupas sacerdotais - teve como clientes figuras com Dom Orlando Chaves e Dom Aquino Correa -, vestes que somente ele sabia fazer, devido à dificuldade envolvida no processo.

Ao sair do internato, ele continuou costurando, sempre para pessoas de destaque da época, como governadores, secretariados e suas respectivas famílias, desistindo do ofício apenas quando peças produzidas em grande escala passaram a tomar conta do mercado local.

É considerado o decano dos colunistas sociais e foi também um grande carnavalesco.

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