terça-feira, 16 de outubro de 2012

Famato diz que cobrança de royalties para soja está suspensa no país

Segundo entidade, anúncio foi feito por diretoria da multinacional.
Estado questionou na Justiça validade da patente para tecnologias RR e BT.



Produtores rurais brasileiros estão desobrigados de pagarem à multinacional Monsanto royalties pela soja Round Ready (RR) e o algodão Bollgard 1 (BT). A decisão teria partido da própria empresa, conforme informou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso, Rui Prado, durante encontro com o setor produtivo em Cuiabá , nesta terça-feira (16). A empresa não forneceu detalhes acerca da interrupção da cobrança para todo país e não se posicionou oficialmente.
A iniciativa de estender para outros estados atendeu à ação proposta contra a empresa pela Famato e os sindicatos rurais. Mato Grosso foi o primeiro estado do país a conseguir na Justiça o término da cobrança após questionar a validade da patente das tecnologias. Rui Prado comemorou o anúncio. "A decisão é importante sob o ponto de vista jurídico porque a patente havia vencido e é um reconhecimento da empresa", declarou.
Já o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, Carlos Fávaro, considerou o feito como coerente por se tratar a cobrança ilegal (seja por meio de boleto bancário ou retenção dos grãos durante a comercialização). Produtores do estado questionaram por meio de uma liminar a validade da patente das tecnologias RR e BT. Conforme o setor produtivo, venceram ainda em 2010 e se tornaram de domínio público.
"Houve um estudo técnico e jurídico bastante profundo sobre as patentes de propriedade da Monsanto relativas às tecnologias RR e BT e foi constatado que estão vencidas. A última venceu em 31 de agosto de 2010. Caíram em domínio público em 1º de setembro de 2010 o que impede qualquer cobrança", afirmou Ricardo Tomczyk, vice-presidente da Aprosoja Mato Grosso e um dos advogados da entidade. Por sua vez, a multinacional afirmava ser a cobrança vigente até 2014.
Pelas contas da Famato e Aprosoja, em dois anos foram pagos à empresa em torno de R$ 300 milhões à título de royalties ou indenizações. Agricultores pedem ainda na mesma ação, o ressarcimento em dobro do montante pago, totalizando cerca de R$ 600 milhões.
Na última semana a Monsanto anunciou que recorreria da decisão proferida pelo juiz relator Elinaldo Veloso Gomes, do Tribunal de Justiça mato-grossense.
Ao manifestar-se acerca do pleito do setor produtivo o magistrado afirmou que "a intenção da lei brasileira de propriedade industrial é propiciar ao inventor, em certo lapso de tempo, a recuperação do investimento bem como obter o merecido lucro pelo invento, objeto esse notoriamente já alcançado pela titular da patente ao longo do tempo em que explorou sua exclusividade tecnológica no território nacional", citou o juiz em trecho de sua decisão.
Principal produtor brasileiro de soja, Mato Grosso colheu na temporada 2011/12 acima de 21,8 milhões de toneladas da oleaginosa. Sozinho, responde por 24,3% de toda produção nacional.
Para os produtores do estado, o não pagamento à multinacional vai implicar em uma economia na ordem de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões por ano, estima Carlos Fávaro, presidente da Aprosoja em Mato Grosso.
De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o pagamento que incidiria sobre a safra 2012/13 - cuja semeadura chega a 17,3% no estado - ultrapassaria a cifra de R$ 142 milhões.
Fonte: G1 MT

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