Os produtores rurais e moradores do distrito de Estrela do Araguaia amanheceram com uma péssima notícia. Em reunião com os coordenadores da operação de desintrusão de não-índios da demarcação Xavante de Marãiwatsédé, os líderes locais ouviram que a Presidência da República não recuou e mantém o decreto que criou a reserva indígena.
Essa era uma das principais esperanças dos produtores que lutam para permanecer na área. O objetivo era fazer pressão política e apresentar documentos que comprovassem que a terra em disputa nunca foi de interesse Xavante. O secretário da Presidência da República, Gilberto Carvalho, ouviu o segmento há mais de 15 dias e não deu uma resposta favorável.
Após a reunião com representantes da Polícia Federal, Força Nacional, Exército e representante da Presidência da República, a pastora e vice-prefeita eleita de Alto Boa Vista, Irene Rocha (PSD), caiu em prantos em frente aos jornalistas que aguardavam do lado de fora da base montada pelo Exército.
“Eu clamo pela presidente Dilma, que é mulher como eu, que não deixe isso acontecer com os nossos filhos”, declarou aos prantos. Membros da Associação dos Produtores de Suiá Missú (Aprosum) também não conseguiram esconder a emoção ao sair do local.
“Eu ainda acredito em uma saída, o ministro Gilberto Carvalho disse para a gente em Brasília que se tivessem provas de que essa terra não é indígena, a gente não seria tirado daqui. Demos os documentos para ele e ele prometeu responder em 15 dias, mas esse prazo já acabou e até agora nada”, reclamou Ricardo Prado.
Representante direto da Presidência da República na área, Nilton Tubino afirmou ao Olhar Direto que o decreto que criou a reserva continua em pé e não há nenhuma sinalização de Gilberto Carvalho para qualquer mudança. De acordo com ele, a desintrusão só será impedida por meio de decisão judicial.
O prazo para a saída voluntária dos posseiros esgotou-se à meia noite desta sexta-feira (7). Apesar disso, a desintrusão ainda não começou porque os oficiais de justiça só chegam na área no sábado a tarde.
A operação de retirada dos não-índios será comandada pela Força Nacional e pela Polícia Federal, com apoio logístico do Exército. No total, 12 segmentos do governo, como Incra e Funai participam na operação multiministerial.
Enquanto a retirada e não-índios não começa, o distrito de Estrela do Araguaia, em Alto Boa Vista vive em colapso social. Todas as atenções estão voltadas para a aproximação do despejo e o risco de conflito, já que grande parte promete resistir à ação da PF e da Força Nacional.
Desde o início da semana, as BRs que dão acesso ao Posto da Mata (em Estrela do Araguaia) estão bloqueadas. Os moradores da localidade fizeram barricadas com carcaças de carros e incendiam pneus para evitar a passagem de veículos.
Fonte: Olhar Direto
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