Investigada em pelo menos cinco estados por supostamente engendrar uma pirâmide financeira, a Telex Free tem sido a motivação pela qual o Procon de Mato Grosso tem recebido nos últimos três meses ao menos 20 telefonemas diários de pessoas inseguras quanto à legalidade e viabilidade econômica da empresa. O número é uma estimativa da superintendente estadual de Defesa do Consumidor, Gisela Simona Viana de Souza, que alerta a população para os riscos de um negócio "que não se sustenta".
Segundo a superintendente, a maioria das pessoas que recorre ao Procon busca saber se o investimento em divulgação da Telex Free é lícito, se é seguro para quem depositar dinheiro no negócio e se, em caso de desistência por medo das atuais investigações, é possível reaver o valor investido.
As polêmicas envolvendo a empresa foram tema recente de debate nacional entre órgãos de defesa do consumidor estaduais e municipais de todo o país, informa Gisela, presidente da Associação Brasileira de Procons.
O Procon do estado do Acre foi o primeiro a apurar a natureza da empresa e de seus investimentos após receber queixas de divulgadores frustrados com o negócio. O caso, então, foi remetido para órgãos de controle, Ministério Público e instituições como o Conselho Monetário Nacional. Ainda não há qualquer investigação concluída a respeito, pondera Gisela.
Por outro lado, ela adianta que uma deliberação do último encontro de Procons foi a de que os consumidores devem ser informados sobre a necessidade de cautela antes de ingressar no negócio, cujo anunciado serviço de Voip (telefonia por meio de internet), destaca Gisela, não é nem o produto principal.
"O que preocupa é que muitos estão vendendo suas casas e patrimônio para investir num negócio com muitas características de sistema de pirâmide", enfatiza Gisela, alertando para os altos riscos do empreendimento e reforçando: "Não há sistema fácil de ganhar dinheiro".
Telex Free
A empresa Telex Free atua no Brasil por meio da Ympactus Comercial Ltda, sediada emVitória (ES). Seu negócio, conforme anuncia, é a comercialização de tecnologia Voip, mas a maior movimentação verificada da empresa tem ocorrido por conta da rede de divulgadores formada para anunciá-la.
Após adquirir a cota e o acesso ao sistema online, o investidor da empresa pode postar anúncios na internet e ganhar dinheiro em cima deles. Outra fonte de renda está na arregimentação de novos divulgadores do negócio. Os ganhos prometidos - em dólares - são altos e em curto prazo.
De acordo com o Ministério Público, que investiga a empresa por meio da promotoria de Justiça de Lucas do Rio Verde (município a 360 km de Cuiabá), o esquema consiste na chamada pirâmide financeira porque remunera quem já se encontra dentro do sistema com a verba daqueles que pagam para ingressar nele, sob expectativa de lucros com a formação de novas equipes de divulgadores.
Já segundo o advogado da Telex Free, Horst Fuchs, o sistema de remuneração passa longe de uma pirâmide financeira. Ele argumenta que a empresa nada mais faz que compensar seus divulgadores com comissão de acordo com seus desempenhos. “Nós temos hoje uma forma de bonificação, uma forma de remuneração aos divulgadores da Telex Free que premia o desempenho, assim como qualquer vendedor, por exemplo, é premiado de acordo com o que ele vende”.
Fonte: Renê Dióz/G1 MT
Nenhum comentário:
Postar um comentário